J-View: Record of Agarest War – Mariage

Já foram algumas as vezes que mencionei jogos que eu deveria ter dado para os meus inocentes priminhos ao invés de Persona 3. Pois este é um jogo que certamente não entra nessa lista! A série Agarest é conhecida por ter o erotismo como uma de suas principais atrações, mas, não se engane, os jogos ainda contam com personagens carismáticos, uma estória boa e um mundo cheio de elementos interessantes e ricos em detalhes. Mas, o que aconteceria se decidissem fazer um spin-off que jogasse tudo isso fora e só se focasse no erotismo? A resposta é esse jogo para PSP, lançado semana passada pela FELISTELLA.

ERO ERO ERO

ECHI ECHI ECHI

OPPAI OPPAI OPPAI

PANTSU PANTSU PANTSU

Para os que não conhecem essa série: não! Isso não é nenhum spin-off de Record of Lodoss War. Para evitar essa confusão, os europeus chamam o jogo de Agarest – Generations of War. Em sua terra natal, o jogo é conhecido com Agarest Senki, o que se traduziria melhor como “Gerações de guerras de Agarest”. Deixando isso de lado: “Mariage”? Depois de tanto uso desnecessário de inglês que essa série já fez, resolveram atacar o francês agora?

 – Plot

Agarest é um mundo de fantasia medieval, e sua história está repleta de guerras. Este jogo cobre os eventos de um continente atormentado por um demônio e um herói, que lutava sozinho para derrota-lo. Sua coragem chamou a atenção de Iris, serva de Arumana, a deusa da piedade. Iris se apaixonou pelo guerreiro, mas não tinha permição para ficar no plano mortal junto com ele. Pensando em ao menos ajuda-lo em sua batalha, ela o presenteou com uma espada com 7 magias diferentes, uma para cada cor do arco-íris, além de ter deixado 3 véus mágicos com três donzelas escolhidas por ela. Eventualmente, o herói teve sucesso em sua missão e se casou com uma das donzelas por quem se apaixonou.

Porém, o herói descobriu que o demônio ressuscitaria em alguns anos. Com seu espírito enfraquecido depois da difícil batalha, ele não tinha muito tempo de vida sobrando, e, por isso, decidiu entregar sua espada mágica e o que sobrava de sua alma para seu filho, que ficou encarregado de completar a tarefa que seu pai não conseguiu. Para acompanha-lo, 3 novas donzelas foram escolhidas para herdarem os véus mágicos. Juntos, travaram árduas batalhas até a vitória, mas o demônio ressuscitou novamente na geração seguinte. Esse processo se repetiria por várias gerações, até chegar na geração presente do jogo.

– Furia Nerd

Eu fiz meu melhor para embelezar essa estória fajuta ao máximo, mas, no final das contas, não adianta, esse jogo tem uma trama muito simplória. Quem diabos é essa Iris? E por que ela parece ser mais idolatrada que a deusa que ela serve no jogo? As coisas só complicam com os elementos do folclore japonês misturados em um mundo baseado na europa medieval. Em termos de enredo, esse jogo é um caos! Fica claro que o roteirista deu uma lida acelerada na história básica do mundo. O que explicaria os erros grotescos no plot do jogo.

Um dos principais erros fica no uso da raça “Syrium”. Apesar das aparências, eles não são elfos. Eles foram criados pelo divindade rival do deus que criou os elfos. Devido a essa rivalidade entre seus criadores, é um tabu confundir as duas raças. Eis que este jogo do PSP completamente fode esse elemento ao chamar os Syriums de “elfos cinzentos” ou “elfos lunares”.

Como não era o bastante, eles banalizaram os elfos negros, que, diferente da maioria dos contos de fantasia, não são seres do mal. São apenas elfos de pele escura e cabelos vermelhos. Porém, devido ao racismo, eles são tratados como filhos do Satanás em tudo que é lugar. Pois neste jogo, é provado que todos estavam certos em serem racistas, porque, quando um elfo vai para o lado negro da força, ele de fato se torna um elfo negro, com direito ao manto negro e mascara de malvado de brinde. Obrigado por me confundir pra caralho, Agarest Mariage!

Esse título também é o mais infantil da franquia. Diferente dos outros jogos, que tem uma narrativa bem adulta e séria, este aqui tenta agradar os fãs de comedias românticas com garotinhas colegiais. Isso significa que não apenas a estória ficou mais “bobinha”, mas também conta com um número de estereótipos nunca visto antes na série. Para citar algumas ideias idiotas:

–  Uma organização secreta do mal formada pelos porquinhos de maiô do Battletoads, que se chama “Butcher”.

–  Um ursinho de pelúcia cibernético chamado “A-kuma” (DEMONI-ursinho).

–  Uma hapier de peitos tão grandes que a fazem perder o equilíbrio e a impedem de voar.

E muito mais, mas se eu for continuar, passo das mil palavras só nessa seção.

– Personagens

São apenas duas gerações neste jogo, 3 noivas em cada geração e 3 heróis no total. Existem outras personagens auxiliares, mas, como acho que ninguem quer conhecer melhor um ursinho de pelucia cibernético do futuro na Europa medieval, vou me prender apenas ao que importa pra acabar logo com isso.

– Rain

Rain é um homem adulto, maduro, responsavel e inteligente, que sabe a hora certa de se divertir e trabalhar. Sua mera presença inspira as garotas, e seu carisma faz ele ganhar favores onde quer que passe. Um verdadeiro herói. Não importa como eu veja, esse personagem tá todo errado pra esse jogo. Felizmente, tem o filho dele pra concertar as coisas na segunda geração.

– Falcia

No japão, “amiga de infancia” é a profissão mais importante de todas. Neste jogo, esse é o papel de Falcia. Isso significa que ela tem a responsabilidade de ser como uma mãe pro personagem principal, acordando ele todos os dias, fazendo suas refeições e dando sermões. Falcia consegue se sair bem em seu papel, principalmente quando ela não consegue mais agir como mãe, pois, na verdade, nutre sentimentos amorosos pelo herói. Tudo de acordo com o roteiro.

Ah! Ela também é cor de rosa.

– Kunka

Eu adoro esse nome! É como os japoneses escrevem o efeito sonoro de um animal farejando! É um nome tão estupido! Fica melhor ainda quando você descobre que ela é uma mulher-gato da raça Neocolom. Porra! Isso foi mesmo de proposito!

Ela é uma samurai-loli que veio de uma ilha longínqua para ajudar o herói. Sua comida favorita é banana de chocolate e seu hobby é dormir. Uma figura exemplar para todos os samurais! Sem nem esquecer de acrescentar o “De Gozaru” no final das frases. Parabens!

– Panina

Em um mundo constantemente em guerra, com várias raças e reinos, é muito raro existir um lugar onde vários povos e culturas se misturem. Panina vem de uma caravana onde essa mistura acontece. Ela aprendeu várias técnicas com seus companheiros de viagem e é capaz de vários “truques” para agradar a todos os gostos em qualquer momento. Digamos que ela é como uma Acolyte.

– Larc

Herói masculino da segunda geração. Tem cabelo pontudo e ereto. É desastrado, inconsequente, burro, impaciente, infantil e um pouco tarado. Tirando vantagem disso, as garotas sempre o manipulam. Mas, no fundo, ele tem um bom coração. E, quando preciso, mostra coragem. Agora sim temos um herói genérico ideal para uma comédia romantica!

– Ciela

Mas que roupa é essa menina? É só a gente deixar uma mulher no papel de principal que ela sai se vestindo que nem uma prostituta! É nisso que dá mandar uma garota fazer o trabalho de um homem!… Machismo de lado, ela é basicamente o Larc que caiu na fonte amaldiçoada da donzela afogada. Até mesmo o profile oficial dela é só um copia&cola do Larc.

– Geolette

Essa rapariga sofreu um acidente e morreria ainda criança não fosse a ajuda da raça de anões Greer, que compartilharam uma poção magica com ela, que salvou sua vida, além de ter tornado-a muito forte e alta (aparentemente, esses anões não bebem da própria poção). Ela admira Falcia, por isso, entrou para o mesmo culto dela e se tornou uma cleriga. É uma Tomboy e tem complexo com seu tamanho.

– Saika

Treinou com o mesmo mestre que a Kunka, e, por isso, foi escolhida como sua sucessora. Sua personalidade séria e inocente fazem dela uma poderosa Tsundere. Chama o herói de tarado mais vezes do que pelo nome dele. Ela é uma mestiça entre a raça bestial de Neocoloms e humanos. Sabe o que isso significa? Dois pares de orelhas!

– Piadina

É a típica falsa-loli que não aparenta a idade que tem. Ela parece ser lenta das idéias mas, sempre sabe mais do que devia. Uma hibrida entre humanos e a raça de videntes de 3 olhos Oneltes. Por ser uma mestiça, não consegue controlar seus poderes. Portanto, usa um selo magico desenhado em sua testa para manter seu terceiro olho de videncia sempre fechado. Panina a criou como uma irmã mais nova. E ela deve adorar uma “Piadinha”! Né? Há Há! Tá bom, desculpa…

– Jogabilidade

Se a trama do jogo e seus personagens são genéricos que dão dó, o jogo compensa com o resto. A jogabilidade, por exemplo, é bem simples mas agradavel e criativa. A batalha tem um sistema de turnos, como nos antigos jogos de Final Fantasy. Você tem 4 “Classes” de habilidades  conhecidas como “Roles”. Esses papeis podem ser dados a qualquer personagem do grupo (só não pode haver mais de um fazendo o mesmo papel). Tem o Atacante, o Defensor, o Apoio e o Condutor. Esse ultimo possui magias para mudar a ordem dos turnos, dar bonus em atributos e fazer armadilhas! Esse é um elemento muito interessante do jogo: As magias do tipo “Trap” funcionam como uma carta armadilha de Yu-Gi-Oh. Você as prepara, e, se o inimigo fizer uma ação que dá o gatilho nela, uma magia poderosa é ativada imediatamente. Em batalha, além do MP para fazer suas magias, você tem o GP, usado para ataques muito  poderosos das armas mágicas. Esses pontos só podem ser recuperados dormindo nos Inn das cidades. As garotas literalmente “vestem” suas armas mágicas, portanto, é completamente natural que elas fiquem cada vez mais peladas conforme seu GP vai acabando. Despir as meninas durante a batalha faz elas gostarem mais de você (mais uma vez, faz sentido!).

Falando nisso, ao avançar no jogo, dando presentes e fazendo outras coisas, as garotas vão querer falar com o herói quando descansarem no Hotel. Isso faz elas gostarem mais do protagonista e alguns eventos são bem eróticos, com desenhos para deixar tudo bem explícito. Em certas etapas, você vai fazer um divertido mini-game para sincronizar com o corpo das garotas. Isso significa dar uns amaços nas partes mais sensíveis do corpo dela, fazer ela ficar bem excitada, e, finalmente, tirar a roupa dela… Okey, agora eu me sinto bem sujo.

Explorando o mundo por um mapa estilo “jogo-de-tabuleiro”, você terá que aturar batalhas aleatórias constantes e frustrantes. Mesmo que o sistema de batalha seja divertido, uma média de 100 batalhas por dungeon é o suficiente pra cansar qualquer um. Além de que o comando de fuga falha constantemente. O Pior é que tudo gira em torno das batalhas: Você tem uma espécie de Sphere Grid de Final Fantasy X para fortalecer seu personagem, mas, para usa-lo, ao invés de AP, você usa itens deixados por monstros; Você também pode criar armaduras poderosas, mas elas usam itens de monstros como material; E para fazer os eventos com as garotas, é preciso agrada-las durante as batalhas, o que significa que é hora da caça. Bem diferente do resto da série, onde você tem uma porção de coisas pra fazer além de porradar. Se eles queriam fazer um jogo tão centrado em batalhas, por que não fazer logo um Fighting game?

Ao terminar a 1ª geração, começa um capitulo intermediário onde você curte a vida de casado do herói com interações de multiplas escolhas que vão influenciar nos atributos, habilidades e sexo do proximo herói. Os eventos dessa parte são surpreendentemente bem escritos! Sério mesmo! São divertidos, interessantes e tem uma reviravolta surpreendente no final, já abrindo o caminho para o novo herói, com boas expectativas para o resto da aventura. Parece até que eles chamaram outra pessoa pra escrever o roteiro dessa parte. Uma pena que essa pessoa tinha compromisso e teve que ir embora.

– Gráficos

Os graficos poligonais do jogo são muito bons para o aparelho. Ricos em detalhes e muito coloridos. Algumas poucas animações de batalha são um pouco “duras”, mas nada que incomode. As bocas só se mechem durante algumas Skills, mas, a maioria nem repara nisso. Muitos inimigos vem diretamente dos outros Agarests, enquanto outros são originais deste jogo e são estranhamente bonitinhos demais, o que cria uma discrepancia enorme entre os novos e velhos. Não há muita variedade entre os inimigos, e eles logo começam a se repetir pelo jogo, apenas trocando as cores (o famoso truque do color swap). Diferente dos jogos anteriores, a aparencia do herói da 2ª geração não muda de acordo com a mãe dele.

As ilustrações são bem eróticas, eu quase precisei da ajuda do MAEDAX pra censurar algumas. Só pra ter certeza, não jogue esse jogo fora de casa.

VS

O character designer deste jogo conta com a excelentissima participação especial do famoso ilustrador japonês “BLADE” (o que não é imortal e nem caçador de vampiros). Ele é famoso por desenhar lolis para várias revistas japonesas, além de ilustrar a série de livros “Magician’s Academy“, que até mesmo virou jogo de PS2 e anime. Quem imaginaria que o desenho dele é uma porcaria?! É só dar uma olhada em algumas ilustrações desse post. As proporções são horriveis, as cores um pouco apagadas, roupas ridículas, poses toscas. A idéia era promover o jogo usando o nome do cara pra atrair os fãs dele, mas o resultado foi tão grotesco que eles tiveram que chamar o ilustrador oficial da série principal, senhor “Hirano Katsuyuki“. Ele consertou algumas ilustrações e fez algumas novas também. Ele imitou o traço do BLADE com a mesma facilidade que alguem faz um “W” e um “V” parecerem com uma mulher pelada. A diferença entre os dois é gritante durante o jogo, principalmente na 2ª geração. É só notar como a Piadina tem cores mais vivas, mais detalhes, poses mais naturais, além de ter o nariz, boca e olhos no lugar certo do rosto). Diabos! O BLADE é tão ruim que os sites de news dos gringos acharam que ele era um artista novato! Alias, é sacanagem que o senhor Hirano não tenha metade da fama dele! Deve ser a insuficiencia de lolis em seu repertório.

– Som

As musicas são muito boas. Muitas são faixas bem escolhidas entre os jogos para o PS3 e XBOX360. As faixas novas não ficam atrás e são bem legais, além de combinarem com o estilo das musicas dos outros jogos.

Eles economizaram nos dubladores, a maioria deles não são famosos e só costumam trabalhar em Eroges (Jogos Hentai). Mesmo assim, a maioria deles não faz feio. Infelizmente, alguns personagens e figurantes deixam bastante a desejar, principalmente o vilão, que precisa de um editor de audio pra engrossar sua vóz.

– Mau presságio

FELISTELLA é a responsavel por este jogo. Eles fizeram um bom trabalho, o jogo pode não estar no mesmo nivel dos outros jogos da franquia, mas não deixa de ser um jogo divertido. Fica ainda melhor se você for capaz de ignorar a estória e as ilustrações (apesar de ser dificil ignorar os desenhos de um jogo “Hentai”). FELISTELLA também está encarregada de fazer os remakes e o novo jogo de Summon Night. Tá certo que o time de criação pra esses jogos são diferentes, mas, tem uma suspeita de que o escritor do cenário deste jogo é o mesmo escritor de Summon Night usando um pseudônimo diferente. Isso me preocupa muito!

Sobre Benedict

A ovelha negra. Perdeu sua alma quando resolveu seguir o caminho do mal e unir forças com os jogos nipponicos. Durante um ataque dos EUA, por pouco escapou de se tornar um FPS, porém, um de seus olhos foi permanentemente transformado em uma mira laser.
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